Mulher expulsa de voo por não despachar mochila ficou 8h em delegacia
Após ter sido retirada à força do voo 1575 (Salvador-Guarulhos), da Gol, Samantha Vitena Barbosa, de 31 anos, ainda precisou passar a madrugada inteira na delegacia do Aeroporto Luís Eduardo Magalhães, na capital baiana. Foram cerca de 8 horas desde o momento em que foi expulsa da aeronave por se negar a despachar uma mochila com laptop e itens frágeis até a hora em que finalmente foi realocada em outro avião da companhia rumo a São Paulo.
Eram por volta das 22h quando o advogado Rodrigo Santos recebeu uma ligação do amigo, o jornalista e apresentador da TV Globo Manoel Ventura, pedindo ajuda e contando sobre o que havia acontecido. Para ele, não há elementos mínimos que justifiquem qualquer tipo de anotação contra a mulher.
– Depois que ela saiu do avião foi conduzida à unidade da PF que fica no aeroporto e, lá, ela se encontrou conosco (ele e a advogada Rebeca Leonardo) e começamos a oitiva. Acompanhamos a lavratura de um Termo Circunstancial de Ocorrência que, no nosso entender, carecia de justa causa. Ou seja, não havia elementos fáticos ou probatórios que indicassem a prática de um ato penalmente relevante – afirma.
– Eles disseram que ela resistiu à ordem de sair do avião, quando na verdade ela não fez isso, e as imagens mostram isso. O que ela fez foi perguntar por que estava sendo retirada daquele avião. É um direito que a assiste e, mesmo assim, foi negado pelos agentes de polícia. Ela só foi ter ciência do que tinha fundamentado aquela retirada quando foi ouvida pelo delegado.
Santos afirma que não houve qualquer discussão ou bate-boca de Samantha com a tripulação. Segundo o advogado, ela foi surpreendida com a chegada dos agentes.
– Ela estava tentando encontrar um lugar no avião onde pudesse colocar a mala dela, o que aconteceu. Mas os comissários queriam obrigá-la a despachar uma mochila que estava com computador e bens pessoais. A gente sabe como funciona o processo de despacho de bagagem. E ela conseguiu acomodar a mochila no bagageiro, quando acabou surpreendida. Foi do nada. Ela não tinha sido agressiva com ninguém, a única coisa que fez foi questionar. No vídeo dá para ver que ela teve o apoio de todos os passageiros – acrescenta.
Ainda sem entrar em detalhes, ele afirma que irá buscar na justiça reparação pelos danos eventualmente sofridos pela passageira.
– Se tivesse qualquer boa vontade, ela teria encontrado o lugar para a mala dela e depois teria seguido viagem. Não teria acontecido o que aconteceu. Existe uma falha na prestação de serviço da Gol. O que nós iremos fazer agora é buscar responsabilização de todas as pessoas que lesaram os direitos da Sra. Samantha. É um trabalho de muita cautela.
“A GOL informa que, durante o embarque do voo G3 1575 (Salvador – Congonhas), havia uma grande quantidade de bagagens para serem acomodadas a bordo e muitos clientes colaboraram despachando volumes gratuitamente. Mesmo com todas as alternativas apresentadas pela tripulação (a companhia não diz quais), uma cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo”.
A companhia acrescenta e conclui o comunicado dizendo que irá investigar a abordagem.
“Lamentamos os transtornos causados aos clientes, mas reforçamos que, por medidas de segurança, nosso valor número 1, as acomodações das bagagens devem seguir as regras e procedimentos estabelecidos, sem exceções. A companhia ressalta ainda que busca continuamente formas de evitar o ocorrido e oferecer a melhor experiência a quem escolhe voar com a GOL e segue apurando cuidadosamente os detalhes do caso.”
As informações são do O Globo.