EUA prendem 538 imigrantes e fazem primeiras deportações após posse de Trump
Nos primeiros dias de seu mandato, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu início a uma ampla operação contra imigrantes em situação irregular no país. De acordo com um relatório divulgado pela Casa Branca na quinta-feira (23), 538 pessoas foram presas em ações realizadas pelo Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês). Além disso, “centenas” de imigrantes já foram deportados, segundo Karoline Leavitt, nova porta-voz da Casa Branca.
Sem detalhar o número exato de deportados nem os destinos, Leavitt afirmou que as expulsões ocorreram em aeronaves militares. “O governo Trump prendeu 538 imigrantes ilegais criminosos e deportou centenas deles. A maior operação de deportação em massa da história está em andamento. Promessas feitas, promessas cumpridas”, declarou a porta-voz.
Uma reportagem publicada pelo The New York Times nesta sexta-feira (24) aponta que o governo Trump concedeu às autoridades de imigração poderes para realizar deportações instantâneas, incluindo a devolução de indivíduos ao México logo após sua entrada. Essa prática, no entanto, viola leis internacionais, que exigem um processo legal antes da expulsão de imigrantes.
A Casa Branca afirmou que todos os imigrantes detidos na operação já tinham algum tipo de condenação pela Justiça norte-americana, a maioria delas recente. Entretanto, especialistas ressaltam que, pela legislação dos EUA, uma condenação não justifica automaticamente a deportação. É necessário avaliar fatores como a gravidade do crime, pedidos de extradição do país de origem e o direito ao status de refugiado.
Na cidade de Newark, em Nova Jersey, uma operação conduzida pelo ICE resultou na prisão de imigrantes e cidadãos norte-americanos, incluindo um veterano de guerra. O prefeito de Newark, Ras Baraka, acusou os agentes de violação de direitos humanos ao realizarem as detenções sem apresentação de ordens judiciais.
Newark é considerada uma “cidade santuário”, onde governos locais adotam medidas para proteger imigrantes irregulares. A Casa Branca não comentou as acusações do prefeito até a última atualização desta matéria.
Logo nos dois primeiros dias de sua gestão, Trump assinou ordens executivas para intensificar o combate à imigração irregular. Entre as medidas estão:
• Emergência nacional na fronteira sul: A declaração permitiu o envio de tropas do Exército e da Guarda Nacional para reforçar a segurança e ampliar os poderes de agentes federais de imigração.
• Recursos para construção do muro: A emergência nacional também possibilitou a liberação de verbas para retomar a construção do muro na fronteira com o México.
• Fim de programas humanitários: O governo encerrou iniciativas que permitiam a entrada de estrangeiros em situações de vulnerabilidade, dificultando pedidos de asilo.
A Casa Branca divulgou exemplos de quatro presos durante a operação, todos condenados por crimes. A estratégia vai ao encontro da promessa de Trump de priorizar a deportação de imigrantes que tenham cometido delitos.
Apesar disso, especialistas alertam que o processo de deportação é complexo e envolve negociações diplomáticas com os países de origem dos imigrantes. Em muitos casos, as deportações podem levar meses ou até anos para serem concluídas.
Donald Trump assumiu a presidência prometendo realizar a maior deportação em massa da história dos Estados Unidos. “Milhões e milhões de estrangeiros criminosos serão expulsos do nosso país”, afirmou em sua posse. As ações recentes mostram que a administração está colocando em prática suas políticas de tolerância zero à imigração ilegal, apesar das críticas e das controvérsias legais que começam a surgir.
As operações de imigração têm gerado tensões nas comunidades de imigrantes e críticas de defensores dos direitos humanos. A prática de deportações instantâneas, em particular, levanta preocupações sobre violações de direitos internacionais e erros no processamento de indivíduos com situações legítimas de refúgio.
Com a escalada das operações e as medidas rigorosas adotadas pela administração Trump, o tema da imigração promete ser uma das questões mais controversas e polarizadoras de seu governo.