AmazonasPolicial

PM que liderava esquema de flanelinhas em Manaus é solto em audiência de custódia

Oficial lotado na Sedel comandava flanelinhas que extorquiam motoristas durante shows nas proximidades da Arena da Amazônia

O tenente-coronel da Polícia Militar do Amazonas (PMAM), Eddie César Cordeiro, foi liberado em audiência de custódia realizada pela Justiça na tarde deste domingo (27/4). O PM foi colocado em liberdade hora após ser preso suspeito de liderar um esquema de cobrança abusiva de estacionamento nas proximidades da Arena da Amazônia. As circunstâncias de sua soltura não foram informadas.

Além do tenente, Leonardo Mendes Ribeiro, Jales Mota da Silva, Juliano de Matos Ramos, Henrique André dos Santos, que integram o grupo, tiveram a liberdade provisória concedida pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM).

De acordo com o TJAM, eles devem seguir as medidas cautelares de não se ausentar de Manaus; não frequentar bares ou similares, nem se apresentarem embriagados publicamente; comunicar à Justiça mudança de endereço; comparecimento mensal à Vara de Inquéritos Policiais, onde o processo tramita.

Denúncias
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), a prisão ocorreu após denúncias anônimas de que motoristas estavam sendo obrigados a pagar valores entre R$ 50 e R$ 100 para estacionar em áreas públicas, prática considerada extorsão. A investigações revelaram que o esquema vinha sendo monitorado desde o início deste ano, com foco nas áreas do Sambódromo e da Arena da Amazônia.

Em nota, o Governo do Estado afirmou que “não compactua com qualquer conduta de seus agentes que esteja em desacordo com os princípios éticos e legais que regem a administração pública, e reitera o compromisso com a transparência, a legalidade e o respeito à função pública”.

A PMAM informou que a Diretoria de Justiça e Disciplina (DJD) instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar a conduta do oficial e a possível prática de crime militar. “A DJD já está atuando no caso e as medidas administrativas estão sendo adotadas”, disse a corporação em nota.

A Secretaria de Estado do Desporto e Lazer (Sedel), onde o tenente-coronel estava lotado, afirmou que está colaborando com as investigações.

Prisão dos envolvidos
O grupo, composto pelo tenente-coronel e mais quatro homens que atuavam como flanelinhas, abordava os motoristas e exigia o pagamento para estacionar em locais de via pública. Em casos de recusa, motoristas eram ameaçados e seus veículos danificados.

A operação, coordenada pela SSP-AM e a Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência (Seai), com apoio da PMAM, culminou com a prisão em flagrante dos flanelinhas no entorno do Sambódromo.

Ao serem conduzidos ao 19º Distrito Integrado de Polícia (DIP), o tenente-coronel compareceu à delegacia e afirmou que os flanelinhas agiam sob seu comando, exigindo a liberação dos detidos.

Ao desobedecer a ordem do delegado de plantão para se retirar do local, o próprio tenente-coronel recebeu voz de prisão por desobediência e, posteriormente, foi autuado por estelionato.

Investigação
O caso agora será apurado em duas frentes: a sindicância administrativa na PMAM e o processo criminal por estelionato e possível crime militar. Enquanto isso, a Sedel aguarda o desfecho das investigações para tomar as providências cabíveis.

Histórico de polêmicas
A carreira do tenente-coronel é marcada por denúncias e afastamentos. Em 2019, Eddie César foi afastado do cargo de diretor do Colégio Militar da Polícia Militar do Amazonas (CMPM VIII), localizado no bairro Compensa, zona oeste de Manaus, após denúncias de assédio sexual contra alunas.

Na época, áudios atribuídos ao oficial circulavam nas redes sociais. Em um deles, o militar dizia a uma estudante: “Eu tenho um carinho especial por você, sim, também. Apesar de que você me atrai, você, assim, desperta um tesão, mas eu não sou um animal, não, selvagem, que só pensa em sexo”. Além disso, ele sugeria encontros sexuais em grupo e oferecia dinheiro às jovens.

Em prints de conversas, o PM chega a oferecer R$200 para uma das vítimas. “Vamos eu e você. Vou estar com o dinheiro na mão, R$ 100 na entrada e R$ 100 na saída”.

Embora tenha admitido a existência das conversas, na época, Eddie legou que as envolvidas seriam maiores de idade. Após o episódio, a PMAM informou que a conduta do policial seria analisada internamente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *