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Festival Marquesiano completa 50 anos

Após uma parada de dois anos devido à pandemia da Covid-19, a espera terminou e a “família marquesiana”, como são chamados os fãs, poderá matar a saudade de um dos eventos culturais mais tradicionais de Manaus. Nos dias 29, 30 e 31 de julho, no Campo da Paróquia de São Raimundo Nonato (antigo Campo da JAP), na alameda São Luís de Gonzaga, nº 1, São Raimundo, zona sul de Manaus, será realizada a 48ª edição do Festival Folclórico Marquesiano.

O Festival, que completa 50 anos de existência, começou como atividade escolar em 1972 e deu origem a dezenas de grupos folclóricos em atividade hoje na cidade. O festival é realizado pela Escola Estadual de Tempo Integral Marquês de Santa Cruz, localizada no mesmo bairro, e tem o apoio da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Secretaria Estadual de Cultura (SEC), Coordenadoria Distrital 04 da Seduc, Instituto Xiu, Studio X, Belmaks Representante de Cosméticos e Patrocínio do Mercadinho do Gustavo.

Com o tema “50 anos de tradição – Uma vez Marquesiano, sempre Marquesiano!”, a comemoração deste ano pretende reunir passado e presente para ratificar a afirmação do que é “ser Marquesiano”.

Segundo a coordenação do festival, “Ser Marquesiano é algo que se conta com orgulho, um sorriso nos lábios e lágrimas nos olhos! Que se faz questão de não deixar de ser! Que faz o tempo andar para trás cada vez que o Marquês chama e não conseguimos não atender, mesmo tendo jurado tantas vezes que esta é a última vez. O Festival cresceu, os alunos também. Os professores envelheceram ou partiram. A escola mudou, os tempos são outros. Mas ‘ser Marquesiano’ não. ‘Ser Marquesiano’ é algo que não respeita o tempo, que perdura”, explica o professor e ator Paulo Queiroz.

Competição

Ao longo dos três dias do evento, 17 danças concorrem nas categorias Quadrilha, Nacional e Internacional, nas modalidades Tradicional e Moderna. As danças inscritas nas categorias competitivas passaram por uma triagem que aconteceu no dia 3 de julho, na quadra da escola. Na triagem, os grupos apresentaram um trecho de até oito minutos e foram avaliados por jurados que escolheram as danças que concorrerão no festival. Além do campeão de cada categoria, o Festival premia o grupo que obtiver a maior nota do evento com o Troféu José Gomes Nogueira.

Participarão da competição neste ano 17 grupos: Gald, Quadrilha Esquadrão Elite, Dança do Café Kaldi, Quadrilha de Duelo Texana Espiões na Roça, Café do Ajuricaba, Junina Flor de Liz, Al Falastin do Amazonas, Cia Folclórica de Danças Russas, Quadrilha Junina Cabocla, Quadrilha Junina Diva, Poona, Quadrilha Junina Caipira na Roça, Grupo Síria do Amazonas, Quadrilha C. Folia e Fuleragem, Cia Al Karak, Caxemira e Ciaad.

Programação especial de 50 anos

A edição de 2022 promete ao público um passeio pelas décadas de 80 e 90, trazendo apresentações especiais de danças como ‘Dabke”, “Dança do Café original”, “Ciranda de Tefé”, “Palestina OLP”, “Beirute” e “Odalik” além da Quadrilha Mirim Brotinhos do Amanhã, que passou a ser Hors Concours em reconhecimento ao trabalho de manutenção da tradição folclórica desenvolvido pela professora Idemar Vale.

Além destas apresentações especiais o evento contará ainda com os alunos da escola que dançarão Maçariquinho e Jacundá coordenados pelo professor José Nogueira. Na programação do cinquentenário, além das participações especiais, a Comissão organizadora, composta pelos professores da escola e tendo como presidente o gestor Crisanto Damião da Silva, preparou surpresas para o público que se fizer presente, entre elas shows musicais de Márcia Siqueira e da Banda Movimento.

Para Damião, a responsabilidade de gerir a escola é um desafio, porque, além da função de gestor, há também o compromisso com este evento, que é um dos maiores e mais tradicionais festivais da cidade. Damião afirma que “o festival, além de entretenimento proporcionado pelas danças folclóricas, leva os jovens ao exercício da cidadania, sensibilizando-os para a valorização da cultura regional, nacional e internacional, cumprindo o seu papel integrador entre a escola e a comunidade e fortalecendo os princípios educacionais da Escola Marquês de Santa Cruz”.

Esta edição tem a coordenação e produção geral dos professores Paulo Queiroz e Raísa Colares, que trazem a experiência que possuem em produção cultural, dando uma nova roupagem ao festival que será percebida na gastronomia, nas atrações, na logística e no tratamento dos grupos participantes. Raísa afirma que “o Festival é um sonho e fazer parte da coordenação do cinquentenário é a realização deste sonho. Acredito que as melhorias que trazemos neste ano são voltadas para a profissionalização do festival e creio que agradarão à comunidade, aos alunos e grupos participantes.”

Para Paulo Queiroz esta edição tem um sabor especial pois, além de coordenar o evento ao lado de Raísa, ele, que também é ator e diretor teatral, dançará a Ciranda de Tefé, relembrando o início de sua relação com a cultura, que se deu na escola, no ano de 1982, quando dançou a Polônia Mirim e pisou pela primeira vez em um palco. “É um momento simbólico pois, retornar a este palco, quarenta anos depois, dançando e coordenando o festival, me faz lembrar do menino que iniciou sua carreira teatral aos dez anos no auditório da escola e no tablado do festival. É a confirmação do quão importantes são estas iniciativas pedagógicas que envolvem a arte e a cultura.”

Homenageados

Neste ano, o festival homenageará duas personalidades icônicas do Festival: José Gomes Nogueira e Célia Silva. Nogueira já é conhecido de todo folclorista da cidade de Manaus e tem uma trajetória marcada pela pesquisa folclórica voltada para as manifestações tradicionais. Ele foi professor do Marquês e do Ifam e levou ao tablado do Marquesiano inúmeras danças que fizeram sucesso, como Rússia e Afro-brasileira, dentre outras. Nogueira continua contribuindo com a escola e neste ano levará ao tablado uma nova geração de jovens e crianças que apresentarão a Dança do Jacundá e a Dança do Maçariquinho e um grupo de veteranos que apresentará a Ciranda de Tefé. Neste ano, Nogueira teve seu trabalho eternizado também por meio do filme “Sem a Tradição, o Folclore Morre” de Adson Queiroz.

Célia Silva começou a dançar na década de 80 na Dança da Cerveja e na Dança do Fogo, além das danças do México, Palestina, Dabke, Afro-brasileira, Ciranda, Jacundá e Venezuela, entre outras. Além de dançar, Célia também participava de peças teatrais e corais na escola e tornou-se figura conhecida por dançar em vários grupos na mesma noite mostrando sua resistência e pela desenvoltura e graça que lhe são peculiares. Neste ano, além de ser homenageada, Célia dançará na Dabke novamente.

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