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Advogada denuncia namorado por cárcere privado após sofrer aborto em Manaus

Vítima conseguiu escapar com ajuda do síndico do condomínio. PC-AM deve pedir a prisão preventiva de suspeito ainda hoje

A advogada criminalista Nicolly Menezes denunciou, nesta sexta-feira (11/04), o ex-namorado Ygor Pereira por violência psicológica, cárcere privado e ameaças, em Manaus. O caso foi registrado na Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher (DECCM), na zona Centro-Sul da capital.

Segundo o relato da vítima, os crimes ocorreram a partir do dia 13 de março, quando ela ainda se recuperava de um aborto. Nicolly afirma que foi mantida trancada em casa por três dias, sem água e sem meios de comunicação, enquanto o companheiro desapareceu.

“Tudo começou quando eu perdi meu filho. Ele me deixou sozinha na maternidade. Três dias depois, quando apareceu, me trancou em casa sem água para beber, sem nada. Me pergunto como eu não percebi os sinais, se sou habituada a alertar clientes sobre esse tipo de violência. Eu não pensava que já estava passando por isso”, contou a advogada, em coletiva de imprensa na DECCM.

Nicolly relatou ainda que precisou da ajuda do síndico do condomínio para sair do imóvel. “O dono do apartamento teve que sair de onde estava para me ajudar, abrir a porta e levar água. Foi quando consegui sair daquele lugar”, afirmou.

Vítima pediu para que o suspeito abrisse a porta do apartamento – Imagens: Divulgação

Violência psicológica e patrimonial

A defesa de Nicolly, representada pela advogada Priscilla Cunha, informou que a Polícia Civil (PC-AM) deve pedir a prisão preventiva de Ygor ainda hoje. Além da violência psicológica, ele também teria cometido violência patrimonial, ao reter documentos da vítima.

“Ela sustentava o companheiro, que usava o dinheiro dela para se manter. Ele chegou a servir no Exército, mas atualmente trabalha como motorista de aplicativo. Após conseguir um atestado médico e se afastar do trabalho por causa do aborto, as agressões se intensificaram contra Nicolly”, declarou a advogada de defesa.

Durante a coletiva de imprensa, Nicolly também revelou que conviveu com o agressor por cinco meses e que, nesse período, foi trancada em casa ao menos quatro vezes, sob a desculpa de que o companheiro estava trabalhando.

“Quando ele sumia, eu descobria que estava em balneários ou bares. Eu mandava mensagens porque estava trancada, precisava sair para trabalhar, e ele dizia: ‘Você é louca? Isso é coisa de doida’. Passei por muita violência psicológica”, relatou.

Ameaças

Ela também disse que passou a ser ameaçada após romper com o agressor. “Ele me mandou mensagens com teor de ameaça. Disse a ele para não voltar, mas ele foi ao condomínio, ficou cerca de 40 minutos tentando subir. Eu pedi para retirarem a digital dele do bloco. Não fui nem para a casa de parentes, porque ele sabe onde é”, disse a advogada.

Nicolly relatou que demorou a perceber que era vítima de violência doméstica, mesmo sendo advogada. “Apesar de não ter sido física, a violência psicológica foi tão profunda quanto. Só percebi quando compartilhei a situação com uma amiga e li as mensagens que ele havia me mandado. Foi quando entendi que era uma vítima”, desabafou.

O caso segue sendo investigado pela DECCM Centro-Sul, que deve solicitar a prisão preventiva do suspeito ainda nesta sexta-feira (11/04).

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