Consumo de medicamentos genéricos deve aumentar este ano
Em 2022, foi registrado aumento de aproximadamente 10% na demanda por genéricos. O aumento no consumo dessa classe de medicamentos este ano deve ser ainda maior. Isso porque, segundo compromisso de campanha, o novo governo federal deve voltar a investir no programa Farmácia Popular, que visa complementar a disponibilização de medicamentos utilizados na Atenção Primária à Saúde (APS), por meio de parceria com farmácias e drogarias da rede privada.
De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (PróGenéricos), esses remédios são utilizados para tratamento de mais de 50 patologias, incluindo doenças autoimunes, inflamatórias crônicas e raras, além de diferentes tipos de câncer, representando 8,25% do mercado total de medicamentos biológicos.
Implementados por meio da Lei 9.787/1999 (o que faz com que ainda sejam relativamente ‘novos’ no mercado), os medicamentos genéricos ainda despertam dúvidas naqueles que não conhecem nada ou muito pouco sobre eles. Uma das maiores questões é se o remédio, que costuma ser mais barato, tem a mesma eficácia em comparação ao de referência, ou seja, aquele de marca. A resposta é sim, e o próprio contexto de surgimento dos genéricos esclarece esse fato.
“No Brasil, a discussão sobre a necessidade de quebra de patentes de medicamentos começou ainda nos anos 70, décadas antes da Lei dos Genéricos. O principal objetivo era ampliar o acesso de pacientes a remédios tradicionalmente mais caros, além de criar uma concorrência entre farmacêuticas, o que também ajudou a baratear os produtos”, afirma a coordenadora farmacêutica do Grupo Tapajós, Sabrine Cordeiro.
Segundo o Ministério da Saúde (MS), os genéricos são equivalentes aos medicamentos de referência, pois possuem os mesmos princípios ativos, na mesma dose e forma farmacêutica, além de serem administrados de igual maneira. A garantia de que ambas as versões (de marca e genérica) são equivalentes é dada a partir de testes avaliados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O que mais chama a atenção – e por vezes pode ser o motivo para a desconfiança – é o valor mais baixo em comparação ao medicamento de marca, porém, há explicação. Ainda segundo o MS, os genéricos precisam ser, no mínimo, 35% mais baratos que o medicamento de referência.
“Outro ponto que contribui muito para o barateamento dos genéricos é o fato de as farmacêuticas não precisarem fazer propaganda deles, seja por meio de anúncios ou mesmo em uma caixa de armazenamento diferenciada. Ao invés disso, o medicamento é nomeado apenas pelo seu princípio ativo, para facilitar a identificação”, esclarece Sabrine.
Para além do percentual mínimo, os genéricos chegam a ser, em média, 60% mais baratos que os medicamentos de referência, segundo a PróGenéricos, associação brasileira de empresas do setor. A entidade aponta ainda que quase 8 em cada 10 consumidores (79%) já adquiriram algum genérico, evidenciando o conhecimento e consumo da população a respeito desses medicamentos, que, desde a sua criação, já geraram uma economia de R$ 234,9 bilhões aos brasileiros.
Automedicação
O único alerta a respeito dos genéricos está relacionado a um uso irracional desses medicamentos, o que pode ser facilitado com a ampliação de acesso a essa classe. Em sua página oficial sobre o tema, o Ministério da Saúde ressalta que é importante consultar um farmacêutico ao substituir um medicamento de referência por um genérico, inclusive, porque o profissional da farmácia precisa registrar a mudança na prescrição médica.
“Uma das atribuições dos farmacêuticos é justamente orientar o paciente sobre o medicamento indicado, seja compartilhando informações sobre a dose correta e o armazenamento adequado, ou sugerindo genéricos equivalentes ao medicamento de referência, contribuindo para um tratamento eficaz e acessível”, comenta a profissional.