Estamos dando a mão para outras mulheres?
Um questionamento que frequentemente me passa, enquanto psicóloga e mulher, é se estamos dando a mão para outras mulheres e ensinando nossas crianças a respeitarem o outro. Parece que apenas repetimos padrões que reforçam uma sociedade machista, que não olha para os seres humanos e se sente no direito de agredir, em todas as esferas, a mulher.
Datas precisam ser criadas para enfatizar a importância social e histórica de marcos e leis que necessitam de atitudes urgentes. Se estamos reivindicando um posicionamento universal em relação à violência contra a mulher é porque, infelizmente e continuamente, temos situações avassaladoras no mundo.
Em dezembro passado, tivemos o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres e em outubro o Dia Nacional, com foco neste mesmo problema. Tristemente, só em 2006 que uma lei entrou em vigor para criar mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar.
Frequentemente percebo no meu dia relatos de quem sofre violência ou perpassam por situações constrangedoras. Ao passo que temos altos índices, não conseguimos fazer com que estas mulheres busquem apoio. O que falta para que as mulheres consigam sair dessa situação?
Há um longo caminho de reconexão consigo mesma pelos dolorosos processos. A violência contra a mulher é muito mais que um ato físico. Devemos entender o sofrimento envolvido e que elas precisam de apoio constante para perceberem o que estão passando, assim como acreditarem que podem superar.
Por vezes julgamos a mulher não consegue enxergar que está mergulhada em uma relação não saudável porque desconhecemos os processos que envolvem o abuso. Estudos indicam um ciclo de violência, incluindo três principais etapas que funcionam viciosamente: a 1ª o homem agride verbalmente e contra objetos; na 2ª há um ato mais direcionado à mulher e a 3ª é conhecida como “lua de mel”, onde o homem se mostra arrependido e a mulher confusa.
Com tudo isso, é fato que devemos dar apoio psicológico e denunciar. Precisamos com urgência resgatar a autoestima das mulheres, para que elas possam ressignificar os processos vivenciados e encarar uma vida livre de amarras, de um sistema opressor que, muitas vezes, começa dentro de casa.
Autora: Greice Carvalho, Psicóloga, docente da Estácio e integrante do Núcleo de Psicologia do MEE-RS.
Com informações da assessoria