IBGE: Amazonas tem o menor índice de pessoas com algum tipo de rendimento
No Amazonas, 50,9% da população, cerca de 2 milhões e 120 mil pessoas, possuía algum rendimento, números superiores aos registrados nos anos de 2020 e de 2021, contudo, o percentual é o mais baixo do país. Esses são dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua: Rendimento de todas as fontes 2022, divulgada hoje (11) pelo IBGE.
Mais destaques
O rendimento médio mensal domiciliar por pessoa, no Amazonas, passou de R$ 874, em 2021, para R$ 947, em 2022, mas ainda é um dos mais baixos entre as unidades da federação, à frente apenas dos valores registrados no Maranhão (R$ 833) e Alagoas (R$ 922);
Quase todos os tipos de rendimento apresentaram alta, em relação a 2021, exceto o “habitualmente recebido em todos os trabalhos” (R$ 1.988);
Em 2022, o índice de Gini do rendimento domiciliar por pessoa (que mede a desigualdade) diminuiu em relação a 2021, no Amazonas, apresentando o menor índice (0,509) desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012;
No Amazonas, 46,9% ou 513 mil domicílios, do total de 1 milhão e 94 mil estimados para o Estado, tinham rendimento vindo de algum programa social.
No Brasil, o rendimento médio mensal domiciliar por pessoa foi de R$ 1.586. Norte e Nordeste foram as regiões que apresentaram os menores valores (R$ 940 e R$ 929, respectivamente). Já as regiões Sul e Sudeste se mantiveram com os maiores rendimentos (R$ 1.814 e R$ 1.804, respectivamente).
No Amazonas, o rendimento médio mensal domiciliar por pessoa passou de R$ 874, em 2021, para R$ 947, em 2022 (a preços médios do último ano). Esta é a primeira alta desde 2019, período antes da pandemia de Covid-19.
Contudo, mesmo com a alta de 2021 para 2022, o rendimento médio mensal domiciliar por pessoa, no Amazonas, é um dos mais baixos entre as unidades da federação, à frente apenas dos valores registrados no Maranhão (R$ 833) e Alagoas (R$ 922). Os maiores valores foram registrados no Distrito Federal (R$ 2.802), São Paulo (R$ 2.073) e Rio Grande do Sul (R$ 2.033).
População residente com rendimento
Do total de pessoas residentes no Brasil em 2022, 134,1 milhões (62,6%) possuíam algum tipo de rendimento. A Região Sul (67,0%) apresentou a maior estimativa em todos os anos da série histórica iniciada em 2012, enquanto as Regiões Norte e Nordeste, as menores (55,9% e 59,0%, respectivamente). Na comparação com 2021, todas as Grandes Regiões apresentaram aumento do percentual de pessoas com rendimento no total da população residente.
No Amazonas, 50,9% da população, cerca de 2 milhões e 120 mil pessoas, possuía algum rendimento, números superiores aos registrados nos anos de 2020 e de 2021, contudo, o percentual é o mais baixo do país, seguido pelos índices do Acre (52,4%) e Amapá (53,3%). Os percentuais mais altos de pessoas com rendimento na população foram observados no Rio Grande do Sul (69,0%), Santa Catarina (67,4%) e São Paulo (65,4%).
Distribuição das pessoas por tipo de rendimento recebido
Em 2022, no Amazonas, o contingente de pessoas que possuíam rendimento da categoria “habitualmente recebido em todos os trabalhos” correspondia a 36,9% da população residente (1,5 milhão), acima de 36,4% (1,49 milhão) em 2021. Por outro lado, 19,4% dos residentes (807 mil) possuíam algum rendimento proveniente de outras fontes em 2022, enquanto, em 2021, essa estimativa era de 17,7% (726 mil pessoas).
O rendimento proveniente de outras fontes é composto pelo rendimento de programas sociais do governo; aposentadoria ou pensão; aluguel e arrendamento; seguro-desemprego ou seguro-defeso; pensão alimentícia, doação e mesada de não morador; e outros rendimentos, em que estão incluídos rentabilidades de aplicações financeiras, bolsas de estudos, direitos autorais, exploração de patentes etc.
Os resultados mostraram que, nas Regiões Norte e Nordeste, os percentuais de pessoas que recebiam outros rendimentos (11,6% e 14,3%, respectivamente) se destacavam dentre aqueles observados nas demais Regiões, com valores superiores à média do País (8,9%). Observa-se que o percentual de pessoas que recebiam outros rendimentos nessas Regiões também foi superior ao daquelas que recebiam quaisquer das outras fontes de rendimento não oriundas do trabalho. Aposentadoria e pensão registrou os maiores percentuais, dentre as categorias que compõem o rendimento de outras fontes, nas Regiões Sudeste (14,4%), Sul (16,4%) e Centro-Oeste (10,1%).
Dentre os componentes dos rendimentos de outras fontes, a categoria “outros rendimentos” manteve a principal estimativa, no Amazonas: 11,5% (478 mil pessoas) da população residente recebia este rendimento em 2022; seguida por aposentadoria e pensão: 6,8% (283 mil pessoas). Com percentuais bem menores, seguiam as categorias de pensão alimentícia, doação e mesada de não morador (1,2%) e aluguel e arrendamento (0,6%).
Valores dos rendimentos estão no nível mais alto da série histórica
O módulo de rendimento da PNAD Contínua divulgou, ainda, que em 2022, quase todos os tipos de rendimento apresentaram alta, em relação a 2021, considerando os preços médios do último ano (com valores corrigidos para 2022): são eles os rendimentos de todas as fontes (R$ 1.858); efetivamente recebido em todos os trabalhos (R$ 2.129); de outras fontes (R$ 1.099); de aposentadoria e pensão (R$ 1.748), de aluguel e arrendamento (R$ 1.808); de pensão alimentícia, doação e mesada de não morador (R$ 601) e de outros rendimentos (R$ 670). O único tipo de rendimento que apresentou queda foi o habitualmente recebido em todos os trabalhos (R$ 1.988).
Desigualdade do rendimento domiciliar por pessoa diminui
A pesquisa também mostra a desigualdade de renda em 2022, através do índice de Gini. Quanto maior o Gini, maior a desigualdade. Em 2022, o índice de Gini do rendimento domiciliar por pessoa diminuiu em relação a 2021, no Amazonas, apresentando o menor índice (0,509) desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. Da mesma forma, no Brasil, o índice foi o menor da série histórica (0,518).
Também é feito o cálculo do índice de Gini do rendimento médio mensal, habitualmente recebido em todos os trabalhos (a preços médios do ano). No Brasil, em 2022, o aumento da ocupação parece ter incorporado trabalhadores com rendimentos menos desiguais, fazendo o índice de Gini cair ao menor valor da série (0,486), assim como no Amazonas (0,480).
As estimativas do Gini do rendimento do trabalho para 2022 foram as menores da série em quase todas as Grandes Regiões, exceto pela Norte, cuja mínima ocorreu em 2021. Dentre as Grandes Regiões, a Sul (0,430) e a Centro-Oeste (0,473) apresentaram os menores índices, enquanto a Região Nordeste (0,501), o maior, mantendo-se como a Região com a distribuição de rendimentos do trabalho mais desigual do País. De 2021 para 2022, as Regiões Nordeste e Sudeste apresentaram as maiores reduções no índice (queda de 0,020 cada), ao passo que apenas a Região Norte apresentou aumento da desigualdade do rendimento do trabalho no período (aumento de 0,006).
Massa de rendimento
No Brasil, em 2022, o rendimento habitualmente recebido em todos os trabalhos resultou em uma massa mensal de rendimento de R$ 253,1 bilhões. Já a região Norte registrou a menor massa de rendimento do trabalho (R$ 15,7 bilhões), entre as regiões, e no Amazonas esse valor alcançou R$ 3,05 bilhões.
Analisando a série histórica, a massa de rendimento teve movimento de expansão entre 2012 e 2019 (crescimento de 11,7%), com posterior queda no período da pandemia (perdas de 5,6% em 2020 e de 3,2% em 2021) e recuperação de 6,6% entre 2021 e 2022. Dentre os fatores que ajudaram a explicar o aumento da massa de rendimento do trabalho, entre 2021 e 2022, está o crescimento da população ocupada, que preponderou sobre a queda do rendimento médio do trabalho no período.
No Amazonas, a massa de rendimento passou por expansão entre 2012 e 2015, oscilando entre 2016 e 2019, com estabilidade em 2020, e nova expansão em 2021 e 2022.
Dentre os fatores que ajudam a explicar o crescimento da massa de rendimento do trabalho da população ocupada, entre 2020 e 2022, está a estabilidade do rendimento médio de todos os trabalhos, no Amazonas, e também o aumento da população ocupada no período. Em 2020, foram estimados 1,361 milhão de ocupados no Amazonas, e em 2022, 1,536 milhão.
Programas sociais do governo
Os programas sociais contribuem para o rendimento médio mensal da população. Devido à pandemia de Covid-19 e à necessidade de distanciamento social, em 2020, foi criado o Auxílio emergencial, benefício destinado aos trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados. Esse benefício entrou na categoria de “outros programas sociais”, estando presente em 18,0% (202 mil) dos domicílios do Amazonas em 2021, após totalizar 36,1% (395 mil) dos domicílios em 2020, redução que pode ser explicada por mudanças na concessão do auxílio, realizadas com a flexibilização das medidas sanitárias.
Em 2021, o Auxílio emergencial foi interrompido, e o Bolsa Família foi substituído pelo Auxílio Brasil. A pesquisa mostra uma redução brusca na proporção de domicílios com algum beneficiário do indicador “outros programas sociais” (de 18,0% para 8,1%), no Amazonas. Mas vê-se também que houve aumento da proporção de domicílios com algum beneficiário do Auxílio Brasil/Bolsa Família (de 17,4% para 32,3%). Além disso, a proporção de domicílios que recebiam Benefício da Prestação Continuada (BPC-LOAS) aumentou de 4,4% para 5,2%, no período, no Estado.
A alteração nos percentuais ocorreu devido à mudança de perguntas no questionário da pesquisa. O Auxílio emergencial foi incluído na categoria de “outros programas sociais” e o Programa Auxílio Brasil foi incluído na pergunta que anteriormente mapeava o Programa Bolsa Família.
Dessa forma, no Amazonas, 46,9% ou 513 mil domicílios, do total de 1 milhão e 94 mil estimados para o Estado, tinham rendimento vindo de algum programa social.
As Regiões Norte e Nordeste continuaram com as maiores proporções de domicílios com beneficiários de programas sociais em 2022: respectivamente, 29,1% e 33,8%, recebiam rendimento do Auxílio Brasil; 5,5% e 5,3%, recebiam rendimento do BPC-LOAS; e 2,9% e 2,1%, recebiam rendimento de outros programas sociais. Por outro lado, a Região Sul tinha as menores proporções de domicílios com beneficiários do Auxílio Brasil (6,3%) e do BPC-LOAS (2,2%). Já a Região Sudeste tinha a menor proporção de domicílios com beneficiários de outros programas sociais (0,9%).