Intoxicação por medicamentos em crianças: especialista alerta para riscos e como evitar
A falta de cuidados e a correria do dia a dia podem ocultar um perigo que, por vezes, está ao alcance de crianças e adolescentes: o uso acidental de medicamentos, com risco de intoxicação. Um levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mostra que esses acidentes são uma ameaça real: todos os dias, ao menos 37 crianças e adolescentes (entre 0 e 19 anos) sofrem os efeitos da intoxicação por exposição inadequada a remédios.
De acordo com especialistas, a maioria das intoxicações ocorre devido à ingestão acidental de medicamentos encontrados em casa. Xaropes, comprimidos coloridos e cápsulas chamativas podem atrair a atenção das crianças, levando a incidentes muitas vezes evitáveis. A supervisora farmacêutica da rede Santo Remédio, Bruna Barros, destaca algumas consequências.
“Os efeitos de uma intoxicação por medicamentos podem variar, indo desde sintomas leves até complicações graves que ameaçam a vida. Tosse, vômito, sonolência excessiva e dificuldade respiratória são sinais comuns de intoxicação, e o tempo é essencial quando se trata de buscar ajuda médica”, orienta a profissional.
Caso haja suspeita de intoxicação por medicamento, o primeiro passo é buscar o pronto atendimento. Se a hipótese for para algum remédio específico presente na casa, ajuda levar a embalagem para o médico. O profissional vai avaliar os sintomas e prescrever o melhor tratamento, podendo ser algo que possa anular os efeitos do medicamento.
Redução de risco
A melhor maneira de prevenir intoxicação com medicamentos, segundo a farmacêutica, é colocar os remédios em espaços seguros, longe do alcance dos menores. “A dica é preferir locais mais altos, como o topo de armários. Pode-se optar também por usar algum cadeado ou tranca para reforçar a segurança”, sugere Bruna.
Ela ressalta ainda outros elementos comportamentais que podem influenciar a curiosidade das crianças para com os medicamentos, aumentando a chance de ocorrerem acidentes. “Nunca diga para a criança que o remédio é doce, que dá super poderes ou deixa forte. Ela pode lembrar disso e depois se ver influenciada a querer tomar sozinha em maior dose”, aconselha.
Outra orientação importante é não reaproveitar a embalagem dos medicamentos para armazenar qualquer produto. Isso serve tanto para o frasco do remédio como para a embalagem em caixa. Uma criança pode não diferenciar que aquele frasco ou embalagem se tratava de um remédio, anteriormente, e que não pode ser ingerido sem o acompanhamento dos pais.
Uma dica extra é dar a mesma segurança para produtos de limpeza, como a água sanitária e desinfetantes, considerando que esses itens também podem ser alvo da curiosidade das crianças, causando acidentes com intoxicação.
Automedicação
O que também preocupa especialistas é a automedicação, comportamento mais associado a adolescentes e adultos. Trata-se do uso sem orientação médica de um remédio, o que tem potencial para maquiar doenças e gerar riscos ao paciente, incluindo intoxicação.
Segundo dados do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ), até 2022 89% dos brasileiros afirmam já ter se automedicado ao menos uma vez. O percentual, que estava em 76%, em 2014, e 81%, em 2020, vem crescendo ano após ano.
“A automedicação é vista pelos profissionais de saúde como algo que precisa ser combatido por meio de informações. Aqui não estamos falando daquele único medicamento que se toma em um momento específico, antes de ir buscar atendimento médico, por exemplo, mas quem costuma se autodiagnosticar e se auto tratar, o que é muito perigoso. É sempre importante buscar um médico e um farmacêutico para ter orientações sobre doenças e tratamentos”, afirma a supervisora.
Com informações da assessoria