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Listas propagam fake news sobre demissões em massa em 2023

Duas listas de demissões que circulam nas redes sociais desde 12 de janeiro contêm informações falsas e números exagerados sobre desligamentos de funcionários de empresas privadas no início de 2023, após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Carrefour, Citroën, Sadia, iFood, Uber, Twitter e Mercado Pago não anunciaram cortes até o momento. A Amazon afirmou que irá demitir 18 mil funcionários, mas não informou se a medida atinge o Brasil. Até o momento, as Lojas Americanas não anunciaram demissões. As informações são da AFP Checamos.


“DEMISSÕES DE EMPRESAS 2023: Toyota 12.000; Carrefour 1.200, Citroën 13.000, Frigorífico Bom boi 890, Riachuelo 2.000, Nova Odessa 1.600, Sadia 1.800, Cvc 100, Mangels 150, Cacau show 3.000, Americanas 20.000, Yoki 750, Ifood 17.000, Uber 12.000, Mercado pago 6.000, Amazon 17.000, Twitter 600”, lista uma das publicações compartilhadas no Facebook, no Kwai, no LinkedIn, no Twitter e no Telegram.

Outra lista semelhante, mas com menos empresas, circula em publicações no Facebook e no LinkedIn que associam as supostas demissões ao novo governo. “Lula vai bater o recorde em quebrar um país, geralmente o socialismo quebra um país entre 06 meses a 1 ano”.
Montadoras

O AFP Checamos já verificou publicações que associavam o fechamento de uma fábrica da Toyota em São Bernardo do Campo ao governo Lula. Na verdade, a empresa havia anunciado em 2022 que as operações da fábrica seriam transferidas para outras três cidades do interior de São Paulo. Entre os 550 funcionários, 200 escolheram ser transferidos para as unidades do interior e 350 poderão aderir ao Programa de Demissão Voluntária.

Sobre os supostos 12 mil desligamentos que aparecem na lista, a assessoria de imprensa da Toyota afirmou à AFP que “não houve anúncio algum neste ano quanto à questão levantada. Como esclarecimento, a companhia está presente no Brasil há mais de 60 anos e segue comprometida com o País, onde emprega cerca de 6 mil pessoas”.

A Stellantis, dona da Citroën, também afirmou que a alegação de que a montadora iria demitir 13 mil funcionários é “falsa” e desmentiu o boato de que sairá do país.

“A informação que circula nas redes sociais sobre a saída da Citroën do Brasil é totalmente improcedente e sem contato com a realidade. A Stellantis segue normalmente com suas operações industriais no país”, disse a assessoria da empresa.
Crise no setor de tecnologia

A lista viral também traz alegações sobre cortes em empresas de tecnologia. Em 2022, grandes companhias do setor tiveram uma queda em seus resultados financeiros. De acordo com um levantamento do portal Layoffs.fyi, que reúne dados sobre demissões em massa, mais de 37 mil trabalhadores do setor de tecnologia de todo o mundo foram demitidos desde o início de 2023.

Em 5 de janeiro, a Amazon anunciou que mais de 18 mil dos 1,5 milhão de funcionários que a empresa emprega em diversos países devem ser demitidos. Contudo, não há informações oficiais sobre desligamentos no Brasil até o momento. A companhia apenas informou que o corte vai incluir a Europa e que a medida ocorre por conta da “economia incerta”.

Já a equipe do Twitter enfrenta demissões desde que Elon Musk assumiu o controle da plataforma em outubro de 2022. Logo após a aquisição, aproximadamente metade da força de trabalho global da empresa foi dispensada. No Brasil, o Twitter tinha cerca de 150 funcionários e a maior parte foi demitida em novembro. Portanto, não é verdade que 600 pessoas foram desligadas da empresa no Brasil este ano.

Procurada pela AFP, a assessoria de imprensa do iFood classificou a alegação de que teria demitido 17 mil funcionários como “fake news”. O último anúncio de demissões da empresa foi em junho de 2022, mas não foi informada a quantidade.

A assessoria da Uber afirmou que a informação sobre 12 mil desligamentos “não procede”. Em dezembro de 2022, Dara Khosrowshahi, CEO da companhia, disse que a empresa não pretende cortar empregos, apesar da crise no setor de tecnologia.

A AFP também entrou em contato com a assessoria do Mercado Livre, dona do Mercado Pago, que informou que são falsas as alegações sobre 6 mil demissões e que este número é maior do que o quadro atual de funcionários da empresa no Brasil.

“A empresa contratou cerca de 300 pessoas em 2022, assim como, nos primeiros dias de janeiro, somou outras dezenas de profissionais ao seu quadro de funcionários no país. Neste momento, conforme comunicado ao mercado, a empresa conta ainda com mais de 120 posições abertas em diferentes áreas”.
Setor varejista

A descoberta de um rombo de R$ 40 bilhões nas contas das Lojas Americanas tem gerado especulações sobre o futuro da varejista. Em um comunicado enviado aos funcionários no último dia 19, a empresa não descartou a possibilidade de ocorrerem demissões. Porém, não há um anúncio oficial sobre isso. A AFP entrou em contato com a empresa, mas a assessoria não respondeu até a publicação deste texto.

Outro varejista que aparece na lista é o Carrefour. Em junho de 2022, a companhia comprou o grupo Big e, desde então, as lojas do Big estão sendo transformadas em unidades do Atacadão, do Carrefour e do Sam’s Club.

As alegações de que o Carrefour teria demitido entre 1,2 mil e 5 mil pessoas surgiram após ser noticiado que seis hipermercados Big, no Rio Grande do Sul, foram fechados temporariamente para serem reformados. A empresa informou que cada caso será avaliado e que os funcionários dessas lojas poderão se realocarem em outras unidades do grupo.

À AFP, o Carrefour esclareceu que “não há demissões relacionadas ao contexto político ou econômico do país. As atividades do Grupo no Brasil seguem em franca expansão”.

A Riachuelo também aparece nas publicações com números de cortes divergentes, que variam entre 2 mil e 40 mil. A assessoria da marca disse ao AFP Checamos que “não houve nenhum tipo de anúncio da Riachuelo sobre demissão de 40 mil funcionários”.

A Guarapes, dona da Riachuelo, informou no último dia 10 que irá encerrar as atividades do centro fabril de Fortaleza para concentrar a produção em Natal, no Rio Grande do Norte. Segundo a empresa, 2 mil pessoas trabalhavam na fábrica e, ao todo, 1,8 mil foram demitidas. O restante foi chamado para trabalhar nas operações de São Paulo e Natal.

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