Sociedade

Morre Palmirinha Onofre, cozinheira e ícone da TV, aos 91 anos

Palmeirinha Onofre morreu aos 91 anos de idade. A família da apresentadora confirmou a morte por um post nas redes sociais. “A família, consternada e inconsolável, comunica o falecimento de Palmira Nery da Silva Onofre, a Vovó Palmirinha, aos 91 anos, ocorrido ontem, 7 de maio, às 11h20 em decorrência de agravamento de problemas renais crônicos. Ela estava internada na Unidade Paulista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, desde o dia 11 de abril”, dizia o comunicado.

“Palmirinha era considerada a vovó mais querida do Brasil por sua atuação de décadas como apresentadora de programas de culinária na TV aberta e fechada. Seu jeito simples e cativante de apresentar suas receitas foi o que possibilitou ganhar uma legião de fãs, amiguinhas e amiguinhos, como os chamava”.

“Exemplo de mãe que sempre batalhou para sustentar sua casa, dar educação e uma vida digna com qualidade para suas três filhas, Palmirinha é referência de mulher guerreira que também soube empreender e superar as dificuldades da vida”.

Estreou na TV em 1994, aos 63 anos, ao participar de uma matéria do programa da Silvia Popovic, na TV Bandeirantes, o que possibilitou a descoberta de seu talento por Ana Maria Braga que, na época, apresentava o Note e Anote na TV Record. Convidada para apresentar um Café da Manhã, permaneceu lá por cinco anos.

Posteriormente, em 1999, foi contratada pela TV Gazeta para apresentar o TV Culinária, ficando à frente do programa por mais de onze anos. Depois, teve oportunidade de apresentar o seu “Programa da Palmirinha” no canal fechado Bem Simples/FOX Life que ficou no ar até 2015.

Fora das telinhas, ainda fez sucesso nas telonas, em 2017, com uma participação especial no “Internet: O Filme”. Seu último trabalho na TV foi em 2019 como jurada no reality Chef ao Pé do Ouvido, da GNT. Palmirinha sempre foi convidada e teve importantes participações nos principais programas das emissoras nacionais, como Programa do Jô, Mais Você, Altas Horas, Domingão do Huck, Conversa com Bial, The Noite, entre outros.

Receitas de Palmirinha

Em 2020, a culinarista estava com a saúde debilitada e foi internada três vezes ao longo de dois meses. Em outubro, na época, foi hospitalizada após uma infecção de urina e ficou sete dias internada para acompanhamento por conta do uso de antibióticos. No início de dezembro, voltou a ser internada, dessa vez após ter uma crise de vômito. Na ocasião, ela foi colocada na UTI também por precaução por causa da idade, e recebeu alta cerca de 10 dias mais tarde. No final do mesmo mês, voltou ao hospital novamente por conta de uma infecção urinária.

Figura icônica dos programas de TV, ela foi descoberta no fim dos anos 90 por Ana Maria Braga, que a levou para apresentar receitas em seu programa, Note e Anote, na Record. Depois, passou 11 anos na TV Gazeta com um programa só seu, onde ficou até o fim de 2010. Mãe de Tânia, Sandra e Nancy, Palmirinha costumava conta que elas foram as responsáveis por Palmirinha começar a trabalhar com culinária.

Família

Nascida em uma família de cinco filhos em Bauru (SP), ela foi cedida pelo pai a uma viúva francesa, dona Georgette, que residia na cidade de São Paulo. Com 6 anos, ela passou a ser criada como dama de companhia dessa viúva e teria, todo mês, um dinheiro depositado em uma poupança para seus 18 anos.

No entanto, quando Palmirinha tinha 14 anos, a mãe biológica apareceu na casa de Georgette e exigiu o retorno da filha para casa. Com medo de ser deportada à França, dona Georgette devolveu Palmirinha, que voltou a morar em Bauru.

Paixão pela cozinha

Palmirinha aprendeu a cozinhar com a mãe, com apenas 5 anos, em um hotel de Bauru, cidade do interior de São Paulo. “Ficava mexendo nas panelas, em um banquinho, no fogão a lenha. Mas minha mãe batia em mim, então, meu pai, que sempre me defendeu, me mandou para São Paulo, para morar com uma senhora francesa, com 6 anos. Ela também gostava muito de cozinhar e fazer pratos sofisticados. Aos 14 anos, meu pai morreu, fui para Bauru, onde me casei, depois voltei para São Paulo”, contou ela em entrevista para Quem em 2012.

Na ocasião, ela afirmou que a TV era uma universo distante. “Sempre trabalhei muito quando comecei a fazer jantares para as pessoas. Jamais imaginaria que iria parar na TV. Digo que a culinária não tem crise. Numa loja, você pensa duas vezes para comprar uma roupa ou um sapato. Mas comida tem que comer. E as pessoas podem comer bem e gastar pouco. É isso que eu gosto de mostrar”, disse ela, que costumava ser carinhosamente chamada de “vovó Palmirinha” e, querida pelo público, se tornou uma estrela publicitária especialmente após completar 80 anos.

Violência Doméstica

Palmirinha também relatou ter sido vítima de violência doméstica. Me casei com uma pessoa infeliz e apanhei muito deste meu marido. Mas todo esse sofrimento não me modificou em nada. Eu quis passar uma coisa boa para as minhas filhas, que viam ele me bater. Eu queria que elas gostassem dele. As três entraram com ele na igreja. Queria dar uma vida melhor para as minhas filhas e graças a Deus elas têm.”

Superação

A culinarista chegou a trabalhar com serviços gerais, fazendo limpeza. “Tudo que eu me propus a fazer, eu fazia. Trabalhei em muitas empresas e elas me ajudaram a crescer. Eu sempre chegava às empresas lavando o chão, mas ia crescendo. Tenho uma proteção divina que me ajuda muito. Trabalhei na Brastemp e na época estavam lançando um micro-ondas, mas não conseguiam fazer pudim com cor nele. Eu acabei de limpar o chão e comecei a fazer um pudim, o chefão passou por lá e perguntou o que eu estava fazendo e eu disse que iria fazer um pudim colorido. Fiz com calda de maçã, 250 ml de groselha e joguei a massa. O chefe ficou apaixonado e daí eu subi de cargo.”

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