Novo comandante do Exército condenou atos de 8 de janeiro em discurso
Um vídeo publicado no canal oficial do Comando Militar do Sudeste no YouTube na sexta-feira (20/01) mostra seu então comandante militar, Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, rechaçando os atos terroristas do dia 8 de janeiro. A fala do novo comandante do Exército, conforme nomeação anunciada neste sábado (21) pela presidente Lula, foi proferida na quarta-feira, no Quartel-general Integrado (QGI), em São Paulo, durante evento que homenageava os militares mortos durante terremoto no Haiti em 2010.
No discurso, ele fez uma analogia entre a circunstância política brasileira que resultou na recente tentativa de golpe de Estado e um abalo sísmico, descrevendo a situação como um “terremoto político”.
Para Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, essa “violência, intolerância, incoerência” e “esse desrespeito” têm “nos atacado”, referindo-se aos militares. “Esse terremoto (político) não está matando gente. Esse terremoto está tentando matar nossa coesão, nossa hierarquia e disciplina, o nosso profissionalismo, o respeito que a gente tem, o orgulho que a gente tem de vestir essa farda”, afirmou.”E não vai conseguir”.
O comandante ainda pediu à tropa respeito aos resultados das urnas.
“Também é o regime do povo. Alternância de poder. É o voto, e quando a gente vota, tem que respeitar o resultado da urna. Não interessa. Tem que respeitar. É essa a convicção que a gente tem que ter, mesmo que a gente não goste. Nem sempre a gente gosta, nem sempre é o que a gente queria. Não interessa. Esse é o papel da instituição de Estado, da instituição que respeita os valores da pátria. Somos Estado”, disse.
Ele comentou ainda os últimos acontecimentos do país e criticou o e criticou ainda os atos mobilizados pela internet.
“Todos nós somos hoje “hiperinfomados”. Para excesso de informação só tem um remédio: mais informação. É se informar com qualidade e buscar fontes fidedignas”. orientou.
Em sua fala, o general falou ainda sobre como deve ser o posicionamento político dos tropas, pontuando que o militar pode ter sua opinião, mas não deve manifestá-la.
“Isso não significa que o cara não seja um cidadão, que o cara não possa expressar seu direito de ter uma opinião. Ele pode ter, mas não pode manifestar. Ele pode ouvir muita coisa, muita gente falando para ele fazer isso ou aquilo, mas ele fará o que é correto, mesmo que o correto seja impopular”, frisou.
Ele comentou ainda o papel e a postura que se espera de um militar:
— Ser militar é isso. É ser profissional. É respeitar a hierarquia e disciplina. É ser coeso. É ser íntegro. É ter espírito de corpo. É defender a pátria. É ser uma instituição de Estado. Apolítica, apartidária. Não interessa quem está no comando: a gente vai cumprir a missão do mesmo jeito. Isso é ser militar. É não ter corrente — definiu.
Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva já foi chefe de gabinete do general Eduardo Villas Bôas e assumiu o comando militar do Sudeste em abril de 2021, ainda na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. A unidade abrange 59 organizações militares e tem um efetivo de mais de 17 mil militares.
As informações são do O Globo.