PM confessa morte de jovem durante Natal em Manaus e alega legítima defesa
Edersson relatou que a vítima o teria atacado durante um desentendimento e que por isso, “revidou”
O sargento da Polícia Militar (PMAM) Edersson Oseias Cordeiro Lira, de 41 anos, confessou ter matado o jovem Kennedy Cardoso de Miranda, de 22 anos, durante uma confraternização de Natal, na zona Leste de Manaus, alegando legítima defesa. A confissão ocorreu durante depoimento na Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), na manhã desta sexta-feira (27/12).
Segundo o delegado Gerson Oliveira, o policial admitiu ter ingerido bebida alcoólica antes de ir ao local encontrar suas filhas. Edersson também relatou que a vítima o teria atacado durante um desentendimento e que por isso, “revidou”.
“Ele disse que houve um desentendimento quando estava saindo da casa da ex-esposa e que a vítima teria insurgido contra ele. O Edersson teria efetuado dois disparos contra o Kennedy, só que ele não admitiu que estava embriagado, mas durante o depoimento ele disse que ingeriu uma determinada quantidade de bebida alcoólica e foi ao local apenas para encontrar com as filhas”, afirmou o delegado, acrescentando que Edersson não soube informar o paradeiro da arma utilizada no crime. “É um revólver calibre 38, mas não é uma arma da corporação, segundo ele”.
Além de Kennedy, outros dois familiares da ex-companheira do PM também foram feridos na casa. Edersson alega que não se recorda da quantidade exata de disparos efetuados e que só tomou conhecimento das outras vítimas depois do ocorrido.
“Pelo nervosismo, ele não soube precisar quantos disparos foram efetuados lá. Ele acredita que foi só um, que pegou na vítima lesionada e disse que tomou conhecimento dos outros feridos aqui na delegacia. Um dos feridos já foi ouvido aqui e a outra pessoa ainda se encontra hospitalizada, por isso ela não pode ser ouvida. Ele disse assim: ‘Olha, eu efetuei dois disparos contra a vítima e ouvi só mais um porque partiram para cima de mim depois’”, relatou o delegado.
Medida protetiva contra o PM
Ainda segundo o delegado Gerson Oliveira, Edersson citou em seu depoimento a existência de uma medida protetiva de sua ex-esposa contra ele.
“Ele atuava no 23º DIP com um policial regular, então não há informação que tenha chegado a nós do conteúdo dessa medida protetiva que havia contra ele, mas ele chegou a relatar em oitiva que tinha conhecimento disso, mas negou que houvesse qualquer outro processo contra ele”, contou.
Família pede justiça
Kennedy foi velado e sepultado na tarde de ontem (26/12). Em entrevista à imprensa na sede da DEHS, Rosalina, mãe de Kennedy, pediu por justiça. Ela revelou que o filho, que morava em Autazes, havia hesitado em passar o Natal em Manaus com a família da namorada.
“Eu quero que a justiça seja feita pela vida do meu filho que eu amo demais. Meus filhos, meus irmãos, toda a família, o pai dele está para morrer também por causa dele. Um filho querido que todo mundo amava, não tinha maldade no coração com ninguém”, disse Rosalina.
A defesa de Edersson havia anunciado que ele se entregaria na quinta-feira (26/12), mas o comparecimento à DEHS ocorreu somente na manhã desta sexta-feira (27/12). O caso segue em investigação pela DEHS, que busca esclarecer todos os detalhes e a motivação do crime.
O sargento permanece à disposição da Justiça e será encaminhado para uma audiência de custódia. Caso a prisão seja mantida, ele deverá ser transferido para um presídio militar. A Polícia Civil (PC-AM) trabalha para concluir o inquérito e encaminhar o caso ao Ministério Público.