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Vereador eleito é acusado de sugerir aborto em troca de benefícios

A denúncia feita pela influenciadora Carla Freitas contra o vereador eleito Eurico Tavares (PSD) expõe mais uma vez o perigoso abismo entre a vida pública e a ética pessoal de figuras públicas. As alegações são gravíssimas: Freitas não apenas afirma que Tavares é pai de sua filha, mas também que ele teria sugerido a interrupção da gravidez em troca de uma “compensação” material – um gesto que levanta questões éticas e morais que vão muito além do âmbito pessoal.

Quando alguém opta por se tornar representante do povo, a responsabilidade com a verdade e a transparência não é negociável. Ainda que Tavares afirme que “a verdade sempre vai prevalecer”, a decisão de limitar os comentários em suas redes sociais, após o escândalo, passa uma mensagem contraditória para seus eleitores. Se não há o que temer, por que dificultar o diálogo?

O desabafo de Carla Freitas também revela um problema estrutural: a persistência de uma cultura que normaliza o silêncio e a falta de responsabilização de figuras públicas em situações que envolvem abuso de poder, moralidade questionável e até mesmo negligência afetiva. O relato de que Freitas tem “temor pela própria vida e pela de sua filha” não pode ser ignorado. Tal declaração reforça a necessidade urgente de investigações rigorosas e de um ambiente público que acolha denúncias sem revitimizar aqueles que têm coragem de se manifestar.

Além disso, a narrativa de Carla não é apenas um confronto pessoal, mas também uma acusação que ressoa em um espaço político onde a hipocrisia muitas vezes impera. Ao mesmo tempo que candidatos falam em “valores familiares” durante suas campanhas, muitos estão dispostos a violá-los quando isso serve a seus interesses pessoais.

Com mais de 8.100 votos, Eurico Tavares foi eleito para a Câmara Municipal de Manaus, conquistando a confiança de milhares de cidadãos. O mandato que se inicia em 2025 agora enfrenta um desafio ético que pode colocar em xeque sua legitimidade e até mesmo sua permanência no cargo.

Em um momento em que o Brasil avança lentamente para a valorização de uma política mais ética e representativa, casos como esse devem ser tratados com seriedade exemplar. A Câmara Municipal de Manaus e a sociedade manauara têm a responsabilidade de exigir que as acusações sejam apuradas com rigor e que o vereador responda judicialmente, se necessário.

Esse episódio deixa uma lição clara: figuras públicas não podem estar acima da lei e da moralidade. Quando a linha entre o público e o privado é rompida por denúncias de tal gravidade, é dever da sociedade não apenas cobrar explicações, mas também garantir que a justiça prevaleça – para todos os envolvidos, mas principalmente para quem teve coragem de expor a verdade.

Fonte: Gazeta Manauara 

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